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  • Paula Guimarães

Precisamos Conversar Sobre Depressão


A saúde mental tem tido mais atenção nos últimos tempos, uma vez que o número de pessoas com transtornos mentais comuns têm crescido e o tema tem deixado de ser um tabu.


A depressão, em especial, é a principal causa de incapacidade mundial e é diferente das mudanças de humor comuns, que são respostas curtas para os desafios do dia-a-dia. A depressão pode se tornar uma condição séria de saúde, especialmente se tiver longa duração com intensidade moderada ou severa: ela pode fazer com que a pessoa sofra demasiadamente e não consiga trabalhar, estudar ou socializar normalmente. Mundialmente, o transtorno depressivo é tido como o maior contribuinte não-fatal à perda de saúde.


Como parte de sua campanha “Depression: let’s talk”, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou, em abril desse ano, um relatório com os dados mais recentes sobre esse e outros transtornos mentais. Aqui, iremos abordar apenas alguns dados relativos à depressão, outros podem ser lidos no relatório completo da OMS.


Segundo a OMS, a depressão afeta 322 milhões de pessoas de todas as idades no mundo, o que corresponde a 4,4% da população mundial. Em comparação com 2005, esse número cresceu 18,4%, junto com o crescimento populacional. Os crescimentos por região também foram proporcionais ao crescimento da população e mais de 80% dos casos ocorreram em países de baixa e média renda.

Gráfico: Prevalência da depressão, por regiões

Gráfico 1*. Prevalência de transtornos depressivos pelas Seis Regiões da Organização Mundial de Saúde. O gráfico apresenta a porcentagem da população que sofre com depressão (vertical) por região (horizontal) e sexo (cor da barra). Legenda: azul escuro, mulheres; verde, homens; azul claro, média mundial geral. Regiões (da esquerda para a direita): África; Mediterrâneo Oriental; Europa; Américas; Sudeste Asiático; Pacífico Ocidental; e Global.

No Brasil, são 11,5 milhões de pessoas com o transtorno, o equivalente a 5,8% da população brasileira. Isso caracteriza o país como o de maior incidência de depressão da América Latina e o segundo maior das Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos (5,9% da população).


Outros países com percentual de depressivos acima do Brasil são Ucrânia (6,3%), Estônia (5,9%) e Austrália (5,9%). No outro extremo, o país de menor prevalência é as Ilhas Salomão com apenas 2,9% da população sofrendo de depressão.


Mulheres são mais afetadas (em média 5,1%) que homens (3,6%), variando por região e por idade. Embora a adolescência seja conhecida como a fase da melancolia, o pico da depressão ocorre na idade adulta, afetando, em média, 7,5% das mulheres entre 55 e 74 anos e 5,5% dos homens na mesma faixa etária.

Gráfico: Prevalência da depressão, por sexo e idade

Gráfico 2*. Prevalência de transtornos depressivos por idade e sexo. O gráfico apresenta a porcentagem da população que sofre com depressão (vertical) pela faixa etária (horizontal) e sexo (cor da barra). Legenda: azul escuro, mulheres; verde, homens.


Em relação a mortes, em 2015, 788 mil pessoas efetivamente cometeram suicídio. Isso representou quase 1,5% de todas as mortes do mundo, estando também entre as 20 maiores causas de morte daquele ano. E embora haja mais adultos depressivos, são os jovens que cometem mais o suicídio: entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a segunda maior causa de morte mundial; embora a taxa de suicídio varie conforme a região e o gênero. Além disso, observa-se que homens, em geral, cometem mais suicídios que mulheres e que 78% dos suicídios de 2015 ocorreram em países de baixa e média renda.

Gráfico: Número global de suicídios, por idade e país

Gráfico 3*. Mortes por suicídio mundiais por idade e renda do país. O gráfico compara a quantidade total de mortes por suicídio (em milhares, na vertical) com a idade (horizontal). Legenda: azul escuro, países de alta renda; verde, países de baixa e média renda.


Gráfico: Taxa de suicídio por 100.000 habitantes

Gráfico 4*. Taxa de suicídio por 100 000 habitantes por região e gênero. O gráfico compara a quantidade de pessoas que cometem suicídio a cada 100 000 habitantes (horizontal) com as regiões (vertical). Regiões (de cima para baixo): Global; Países de Alta Renda; Países de Baixa e Média Renda (LMIC); LMIC da África; LMIC das Américas; LMIC do Mediterrâneo Oriental; LMIC da Europa; LMIC do Sudeste Asiático; LMIC do Pacífico Ocidental. Legenda: azul escuro, homens; verde, mulheres.


Embora seja uma doença de prevalência crescente, existem tratamentos efetivos contra depressão. Entretanto, muitos países (mesmo os de alta renda) não dão suporte suficiente para pessoas com transtorno mental; em média, apenas 3% do orçamento do governo para saúde é investido em saúde mental. Quando se considera apenas os países de baixa renda, esse número pode cair para menos de 1%.


Do ponto de vista econômico, investir em saúde mental é lucrativo: cada 1 dólar investido no desenvolvimento do tratamento para depressão e ansiedade retorna 4 dólares em melhor saúde e habilidade para trabalhar. Além disso, segundo estudos da OMS, se continuar tendo pouco reconhecimento e cuidado com a depressão e outros transtornos mentais, haverá uma perda econômica global de um trilhão de dólares por ano durante os próximos 15 anos, a qual inclui gastos de lares, empregadores e governo.


Por conta do baixo investimento, estima-se que 50% das pessoas com depressão não conseguem tratamento. Entretanto, tratamentos já existem, são comprovadamente eficazes e constituem terapia, medicação ou uma combinação de ambos. Tais tratamentos podem ser fornecidos por profissionais da saúde, mesmo não especializados, com um treinamento de curta duração e utilizando um Guia de Intervenção da OMS (WHO’s mhGAP Intervention Guide). Mais de 90 países de todas as rendas têm introduzido ou melhorado programas de tratamento com base neste guia de intervenção.

*Todos os gráficos foram retirados do relatório completo da OMS

Se você sofre com depressão, ou conhece alguém que sofra, você pode entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida ligando 141 ou através do site http://www.cvv.org.br/.

Você também pode procurar atendimento psicológico gratuito no Centro de Saúde (Posto de Saúde) ou Unidade de Saúde da Família de referência da sua região.

Para saber mais dados mundiais sobre depressão (e ansiedade), acesse: Relatório completo (em inglês) da OMS

Artigo da OMS (em ingles): Depression

Notícia original brasileira veiculada no globo.com: "Depressão cresce no mundo segundo OMS"

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